Forças que estão moldando o Futuro do Trabalho e impactos no Planejamento Estratégico de Pessoas

Vivemos tempos de grande turbulência, moldados por forças globais que afetam diretamente o planejamento e a gestão de pessoas nas organizações. Assim como o oceano, cujas correntes são influenciadas por fatores naturais como gravidade, rotação da Terra, topografia e clima, o ambiente de negócios e o mercado de trabalho são influenciados por forças complexas e multifatoriais.

Essas forças, criam correntes imprevisíveis que moldam as rotas de navegação das empresas. Embora possam ser, até certo ponto, previsíveis, elas são difíceis de serem controladas ou evitadas com ações pontuais. Esse cenário exige habilidades de adaptação e uma capacidade de lidar com a incerteza constante, pois as soluções tradicionais com frequência não são suficientes.

Essas forças, representadas na imagem, não são exaustivas, mas ilustram o que pode trazer turbulências no cenário atual e futuro do mercado de trabalho e na gestão de pessoas. As empresas precisam desenvolver estratégias para navegar em um ambiente complexo e volátil, equilibrando inovação tecnológica com a valorização de competências humanas e adaptando-se a um ambiente em constante transformação.

5 principais forças do ambiente que impactam o planejamento de pessoas:

1. Reorganizações Geopolíticas

As tensões geopolíticas, como os conflitos entre Rússia e Ucrânia, Israel e Palestina, e os embates no Oriente Médio, representam riscos que afetam a estabilidade econômica e as cadeias de suprimentos globais. Além disso, a reconfiguração de blocos de cooperação econômica, como os BRICS e a Nova Rota da Seda, cria desafios para empresas que operam em mercados globalizados, exigindo uma estratégia mais ágil e adaptada a diferentes marcos regulatórios e regimes políticos.

Em setores como o de fertilizantes, por exemplo, a dependência de matérias-primas de países em conflitos gera disrupções nas suas operações e, como consequência, nas pessoas. A redução de operações e a necessidade de realocar ou reduzir pessoas são efeitos diretos dessas reorganizações.

Um planejamento estratégico adequado de pessoas pode antecipar estes impactos, criando cenários e definindo planos de ação para suportar a organização durante estas transformações. Em um processo de downsizing, por exemplo, a execução destas ações gera menos entropia, ruídos de comunicação, conflitos e perda de competências e skills críticos.

2. Incertezas Econômicas

O cenário econômico global apresenta incertezas em diversas frentes, como inflação, juros altos e crescimento econômico limitado. Além disso, questões como desigualdade de renda e a emergência das criptomoedas, junto ao enfraquecimento do lastro em dólar, aumentam a pressão sobre a economia e as empresas. No Brasil, temas como equilíbrio fiscal e políticas econômicas, impactam diretamente as empresas, pressionando-as a reavaliarem seus planos de expansão e de investimentos em pessoas.

Fusões e aquisições (M&A) se tornam uma estratégia para manter competitividade, e isso influencia diretamente na contratação e demissão de pessoas, especialmente em setores em retração ou consolidação.

3. Disrupções Tecnológicas

A rápida adoção de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), automação, carros autônomos, Internet das Coisas (IoT) e realidade aumentada/virtual, para citar algumas, cria uma demanda crescente por novas habilidades e acelera a transformação digital nas empresas. Isso força as organizações a investirem em processos de reskilling e upskilling de suas equipes, ao mesmo tempo em que cria um cenário de escassez de talentos tecnológicos qualificados. A segurança cibernética e a proteção de dados, com o aumento das ameaças digitais, tornam-se prioridade, exigindo profissionais especializados no tema.

A crescente adoção destas tecnologias está gerando preocupações significativas sobre o impacto nos empregos das pessoas. De acordo com pesquisa da Mercer feita em 2024, 59% dos profissionais entrevistados expressaram medo de perder seus empregos devido à automação e IA. Essa preocupação é amplificada pela substituição direta de funções humanas por sistemas automatizados. A demanda por novas competências torna-se urgente para que profissionais se mantenham relevantes. Assim, as pessoas enfrentam um cenário em que a atualização contínua de habilidades (life long learning) é essencial para prosperar em um ambiente cada vez mais dominado por estas novas tecnologias.

4. Crise Ambiental

Os fenômenos climáticos extremos, como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, evidenciam a urgência de atuação das organizações frente às mudanças ambientais. A demanda por profissionais de sustentabilidade e ESG (Environmental, Social, and Governance) cresce exponencialmente, à medida que as empresas são pressionadas pela sociedade a adotar práticas mais responsáveis e sustentáveis.

5. Mudanças Demográficas e de Valores

A força de trabalho está envelhecendo, o que coloca um desafio para a sustentabilidade das empresas e das próprias pessoas. O impacto do envelhecimento da população, chamada de “revolução prateada”, exige que as empresas se adaptem a novas dinâmicas de trabalho e de diversidade etária, com políticas inclusivas para diferentes gerações. Além disso, valores emergentes, como liberdade de expressão, flexibilidade no trabalho e o surgimento de movimentos como o “quiet quitting” e o “great resignation”, moldam novas expectativas das pessoas no trabalho, que buscam mais propósito, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e segurança emocional.

A inclusão e diversidade se tornaram pilares fundamentais nas empresas. Com leis como a igualdade salarial, as organizações são obrigadas a revisar suas políticas internas, assegurando que todos tenham as mesmas oportunidades. Isso afeta as dinâmicas de recrutamento e seleção, a progressão na carreira e retenção de talentos.

Movimentos migratórios internacionais também podem ser uma resposta à escassez de talentos em regiões como os EUA e na Europa. No Brasil, o envelhecimento da população e a migração de talentos para outros países, também conhecida como “fuga de cérebros”, geram desafios no preenchimento de vagas críticas. A falta de mão de obra jovem e qualificada pode comprometer a inovação e a capacidade das empresas de se adaptarem às novas demandas do mercado.

As novas gerações têm exercido um impacto significativo no mercado de trabalho e na sociedade, tanto em termos de valores quanto de comportamento. No Brasil, 23% dos jovens, cerca de 10 milhões de pessoas, se enquadram na chamada “geração nem-nem” — jovens que não estudam nem trabalham, segundo o IBGE (2022). Importante ressaltar que muitos estão nesta condição pois estão em posição de vulnerabilidade social, mas existe uma parcela que escolheu estar nessa condição. A escassez de jovens na população economicamente ativa, devido ao envelhecimento demográfico, impõe desafios ao mercado de trabalho. Além disso, pesquisas revelam que gerações mais velhas percebem um choque de valores, apontando características como baixa resiliência, imediatismo e preferência por interação remota/ digital. Esses aspectos refletem a crescente transformação nos valores e expectativas da força de trabalho. Moldam novas dinâmicas nas empresas e exigem que os planos de pessoas contemplem as expectativas das novas gerações, ao mesmo tempo em que sejam capazes de lidar com uma força de trabalho multi-geracional e na média mais velha.

Conclusões

Essas forças, em conjunto, moldam o futuro do trabalho, exigindo das empresas não só adaptabilidade, mas um olhar estratégico voltado para a sustentabilidade, inovação e gestão de talentos. É imprescindível que cada segmento aprofunde a análise desses desafios para encontrar soluções de planejamento estratégico de pessoas específicas e eficazes.

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