Pesquisa demonstra diferenças entre RH de multinacionais brasileiras e estrangeiras

A Associação Brasileira de RH do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), a de São Paulo (ABRH-SP) e a Fundação Instituto de Administração (FIA-USP), estão apoiando a pesquisa Mobility Brasil, executada pela consultoria Global Line. Desenvolvida a partir do levantamento das principais necessidades de informação de mobilização, junto a profissionais de RH brasileiros diretamente ligados a transferências inter­nacionais, a pesquisa demonstra as diferenças entre as multinacionais brasileiras e as estrangeiras.

“A crise internacional associada à remuneração atrativa para executivos no Brasil e a internacionalização de empresas brasileiras trouxeram a questão da expatriação para o topo da pauta do RH. Mas este não é um assunto apenas para quem trata de expatriados, pois traz grande aprendizado de como lidar com diversidade cultural. Essa importante parceria possibilita trazer dados e fatos confiáveis para uma tendência ainda pouco analisada”, avalia Fábio Ribeiro, presidente da ABRH-RJ.

Pesquisa realizada

Sete itens foram avaliados na pesquisa: grau de internacionalização, volume de profissionais mobilizados, transferências internacionais envolvendo o Brasil, objetivo e perfil das mobilizações internacionais, gestão das mobilizações, remuneração e benefícios, principais desafios e impactos das diferenças culturais. Além disso, um questionário com 32 perguntas foi respondido online por 64 empresas multinacionais brasileiras e estrangeiras entre junho e julho desde ano. Predominantemente, as companhias são de grande porte, dos ramos de indústria e serviço. 61% delas têm faturamento anual de US$ 1 bilhão e 53% contabilizam mais de 10 mil funcionários.

Com presença marcante no cenário internacional como destino e origem de capitais e, dadas as oportunidades de investimento lo­cal nos próximos anos em pré-sal, infraestrutura e eventos esportivos – Copa do Mundo e Olimpíadas -, o Brasil desponta como nascente de multinacionais. Portanto, o fluxo de capitais estimula e acompanha o fluxo de profissionais. Ao entrar e sair do país, geram desafios para que as áreas de RH desenvolvam políticas, processos e competências eficientes que permitam gerenciar e apoiar a mobilidade de seus talentos.

A pesquisa Mobility Brasil aponta profissionais brasileiros de RH com referências e tendências de mercado que permitam uma atuação mais sólida no desenho e aprovação de suas iniciativas relacionadas à mobilização inter­nacional. Além disso, constatou-se que as multinacionais estrangeiras ainda têm uma posição domi­nante em relação ao volume de profissionais entrando e saindo do Brasil e à diversidade de práticas de apoio aos mobilizados. Mas, as brasileiras também se encontram bastante avançadas na mobilização internacio­nal, com volumes significativos e objetivos bastante similares aos das estrangeiras.

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Dados da pesquisa

Grau de Internacionalização

Em primeiro lugar, as multinacionais estrangeiras, que em sua maioria (64%) foram fundadas antes de 1950, têm uma posição abrangente e pulverizada, e estão presentes em cerca de 40 países. Já as brasileiras têm suas operações mais con­centradas na América Latina e encontram-se em cerca de 14 países. As filiais das multinacionais estrangeiras respondem por 68% do faturamento e 59% dos funcio­nários totais da companhia, contra 23% e 28%, respectivamente, das nacionais. As filiais das estrangeiras respondem por 68% do faturamento e 59% dos funcio­nários totais da companhia, contra 23% e 28%, respectivamente, das multinacionais brasileiras.

Volume de Profissionais Mobilizados

Em segundo lugar, é que as multinacionais brasileiras lideram em número médio de brasileiros enviados ao exterior. 80% das multinacionais estrangeiras consideram as mobilizações internacionais fundamentais ou muito importantes, contra 67% das brasileiras. Do fluxo total de 3.300 mobilizações internacionais relacionadas ao Brasil mapeadas pela pesquisa, 75% são originados pelas multinacionais estrangeiras.

Transferências Internacionais Envolvendo o Brasil

As multinacionais brasileiras estão na liderança quanto ao número médio de profissionais enviados ao exterior, com uma média de 51 por empresa contra 31 das estrangeiras. Os principais países de origem/destino de expatriados das multinacionais brasileiras são Angola, países da América Latina e Estados Unidos. Já as multina­cionais estrangeiras estão concentradas nas maiores economias do mundo, como Estados Unidos, Alemanha, França e Grã-Bretanha.

Objetivo e Perfil das Mobilizações Internacionais

O principal motivo de uma transferência internacional é o preenchimento de necessidades geren­ciais, tanto no caso de multinacionais estrangeiras (30%) quanto brasileiras (28%). Multinacionais estrangeiras utilizam mais a expatriação para transferir tecnologia (15% contra 9% das brasileiras) e as multinacionais brasileiras mais para lançar novas iniciativas (9% contra 2% das estrangeiras). Apenas 10% das empresas utilizam a mobilização com o objetivo de propagar a cultura corporativa.

Multi­nacionais brasileiras expatriam um grande número de profissionais de nível gerencial (53%), ao passo que as empresas estrangeiras priorizam profissionais no nível de diretoria e presidência (36%). Tanto multinacionais brasileiras quanto estrangeiras consideram a capacitação técnica como o prin­cipal critério de seleção do mobilizado (57% e 73%, respectivamente). Questões familiares são o principal motivo de recusa de uma oferta de transferência tanto em em­presas brasileiras (52%) quanto estrangeiras (39%), seguidas por questões relacionadas à remune­ração, (16 e 26%, respectivamente).

Gestão das Mobilizações

Empresas estrangeiras quase sempre têm uma política de mobilização global formal (85%), o que ainda não é tão dominante nas multinacionais brasileiras (64%). Multinacionais estrangeiras têm um maior número de formatos de mobilização internacional (3,6 em média) do que as brasileiras (2,7 em média). Essa diferença é explicada pelo maior uso de trans­ferências definitivas (61% contra 20%) e de programas de curtíssimo prazo, como estágio (29% contra 0%) e job rotation (22% contra 7%). A área responsável pela gestão e atendimento aos mobilizados está geralmente no RH corporativo das empresas estrangeiras (50%) e na área de remuneração e benefícios, no caso das empresas brasileiras (50%).

A decisão de mobilização internacional é mais concentrada na matriz nas multinacionais brasileiras (53%) do que nas estrangeiras (41%). Lá é mais comum uma decisão conjunta entre as operações de origem e destino (53%). Sendo assim, o perfil de acompanhamento do desempenho do mobilizado é semelhante entre empresas estrangeiras e brasileiras, mas com uma maior participação dos líderes locais (29% contra 15%) no caso das empresas estrangeiras.

Remuneração e Benefícios

A experiência internacional é mais importante para o progresso profissional nas multinacionais estrangeiras, onde 61% a consideram muito importante ou essencial para a carreira contra apenas 21% nas brasileiras. Multinacionais estrangeiras têm um pacote de benefícios mais amplo, com 13 benefícios em média contra 10 das brasileiras.

Empresas estrangeiras utilizam mais o salário do país de origem como base de referência para a remuneração do expatriado (74% contra 43%). Em contrapartida, aplicam ajuste de custo de vida com maior frequência que as empresas brasileiras (69% contra 57%). O custo de um profissional expatriado é mais do que o dobro que o custo de um profissional local, tanto nas multinacionais estrangeiras (acréscimo de 133%), quanto nas brasileiras (acréscimo de 113%).

Principais Desafios

As áreas de RH das empresas internacionais têm como maior desafio o custo das expatriações (25%). Já nas empresas brasileiras o maior desafio é a complexidade de administração e execução dos programas de expatriação (17%). Além disso, enfrenta desafios relacionados à adaptação prática e cultural ao novo ambiente (14% e 12%, respectivamente). Sendo assim, os países que oferecem a maior dificuldade para os mobilizados brasileiros são a China, a Índia e a Venezuela. Já no caso dos estrangeiros transferidos para o Brasil, os profissionais com maior dificuldade de adaptação vêm dos Estados Unidos, França e Argentina. A maior dificuldade do mobilizado brasileiro é a insatisfação com a qualidade de vida (22%). Isso se deve à uma combinação de perfil cultural e destino de expatriação. Já os estrangeiros recebidos no Brasil têm como principal dificuldade a adaptação aos costumes do país.

Impactos das Diferenças Culturais

Por fim, mais de 95% das empresas consideram que questões culturais impactam a replicação da cultura corporativa em suas filiais, sendo que mais de 60% consideram esse elemento muito importante ou crítico.

Das empresas que vivenciaram fusões e aquisições internacionais, praticamente todas consideram que as diferenças culturais dificultam a integração das empresas. Dentre as empresas internacionais, 62% consideram esse impacto elevado. Mais de 90% das multinacionais brasileiras e estrangeiras consideram que o treinamento intercultural agrega valor na preparação dos expatriados.

 

FONTE: Euro Comunicação

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