Outro dia, uma amiga me comentava, supercontente, que havia começado a acessar os e-mails do RH empresa no celular “Veja só, consegui sincronizar meu Android com o servidor da empresa. Agora, não preciso mais correr para checar o computador depois do almoço. Fico sabendo que chegou o e-mail do chefe na hora!”. A jurássica – e ingênua – acrescentava “E ainda configurei para apitar todas as vezes em que chegar um” – prestes a se tornar mais uma trabalhadora 24/7.
Personagens como ela tendem a ser cada vez mais raros. Uma recente pesquisa do IBGE nos fala que de 75% dos brasileiros com celulares, mais de 50% acessando a internet, prioritariamente, através desse dispositivo.
A proficiência virtual aumenta. Assim como o hábito de usar celular ou tablet como o meio mais comum de acesso às redes sociais, aos serviços bancários, às notícias, aos jogos e à toda riqueza de opções que a janela cibernética nos oferece.
Portanto, uma realidade dessas não é para ser desprezada. As pessoas estão conectadas e móveis. E essa onda está chegando à relação das empresas com seus profissionais.
A tecnologia toma conta da área
Segundo um relatório, de outubro do ano passado, da Bersin consultoria especializada em sistemas de gestão do Capital Humano, o que vai imperar a partir de agora são soluções de engajamento – as atividades relacionadas a gestão de outros ou de si mesmo (como acompanhar metas ou mesmo aprender novas habilidades) acontecerão, com a ajuda da tecnologia, de forma natural, incrustadas no próprio processo de trabalho.
Por exemplo, quando alguém estiver desenvolvendo um projeto, “pílulas” de conhecimento serão disponibilizadas automaticamente na medida da necessidade – e não é assim que aprendemos? Estamos fazendo algo, temos uma dúvida, vamos ao Google. Posteriormente lemos um resumo de uma metodologia, a aplicamos, temos dúvidas de novo, aprofundamos no texto, até a coisa sair?
Dessa forma, imagine isso sendo aplicado na gestão de metas: o registro da reunião de trabalho quinzenal com um profissional vai diretamente ao módulo de gestão de desempenho. Aliás, faz o registro diretamente no módulo de gestão de desempenho e organiza de tal forma a ajudar no balanço semestral, anual, etc. Assim poupando o trabalho do RH de recuperar todo o histórico.
Mobilidade
A irmã siamesa das tais soluções de engajamento é a mobilidade – a possibilidade de interação todo o tempo e com tudo em qualquer lugar. Ou seja, a qualquer momento, de onde estiver, o profissional e o líder interagem com a solução de capital humano para organizar metas, desenvolver-se, ter acesso a uma rede social da empresa (onde as pessoas disponibilizam informações sobre projetos, ideias, tendências de mercado). Exatamente como fazem hoje em dia para tocar sua vida.
Não existem estatísticas sobre o mercado de soluções de capital humano no Brasil. O que se sabe é que é um mercado que tende a crescer. O RH das empresas estão cansados de gastar uma parte nobre de seu tempo nas atividades transacionais. Como recolher formulários de avaliação, controlar fichas de presença e toda essa cozinha, fundamental para a sala de estar da atuação estratégica.
As empresas, por sua vez, ao notarem que gente é fator crítico na economia de conhecimento, começam a se interessar em gastar tempo de suas equipes de TI e parte de sua verba em soluções de gestão de pessoas.
Por fim, o que fica aqui é uma sugestão: caso você esteja estudando alguma solução nessa área, não esqueça de incorporar em suas análises esses tipos de funcionalidades. Talvez como algo a usar já ou, ao menos, incorporável no médio-prazo. Em pouquíssimo tempo, a falta de soluções de engajamento e mobilidade será o equivalente hoje à ausência de um endereço de e-mail.
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